segunda-feira, 15 de agosto de 2005
O medo da molha
O homem não esquece que é um animal nem ignora que é parte da Natureza. Mas quando vai à praia nota-se a diferença. Não por estar ali, com os peixes seus irmãos mais adiante na água e alguns raros cães, seus semelhantes, a correrem na areia a trás de bolas. Não é o sol que marca a diferença; ela nasce quando começa a chover. Venha ela, refrescante, vivificadora, purgativa, saneadora mesmo! Olha-se em redor: chapinha nas poças toda a zoologia, escorre e goteja água, como dela se risse tudo quanto é botânica. Só o homem, encolhido, medroso, embrulhado dentro de numa gabardina, abrigado por baixo de um guarda-chuva, parece recusar-se! E logo hoje que, vindo da praia, tenho de ir jantar fora. Com as nuvens escuras que estão, se larga a chover, ainda me constipo!