sábado, 13 de agosto de 2005
O sonho
Maravilhoso sentimento este, o da impunidade do dormir. É o sono dos justos, que nenhuma consciência acusa, nenhuma obrigação atrapalha. De todas as funções humanas, é esta precisamente a que lhe dá a certificação do estar-se bem. Claro que, ao mesmo tempo, é uma das que não o distinguem ao homem do animal. No final, bate tudo certo. Restituído ao seu primitivismo atávico, amputado de aflicções, o homem dorme. Por vezes sonha. E como diria o Pessoa, naquele livro que eu ando a ler, um bom sonhador não acorda.