segunda-feira, 1 de agosto de 2005
«Uma vontade indomável»
Como viajava de autocarro ele teve tempo para ler e reler. Claro que o livro era, na sua simplicidade, dos que se deixava ler. A autora, uma norueguesa que casou com um húngaro e que nos fins da vida viveu na Suécia e morreu em Portugal. A capa, lindíssima, criava uma ideia que o texto desmentia: «De Budapeste ao Estoril». Claro que do Estoril há na narrativa quase nada. Mas não importa. Mesmo que não tivesse lido tudo, ter lido a singelíssima abertura já lhe valeu a pena: «A vida é um perpétuo desafio. À medida que ficamos mais velhos, que o nosso tempo começa a responder com menos energia, devemos pensar em tirar o máximo partido do tempo que nos resta». Hoje, vinha ele da visita ao hospital, a pensar que bom teria sido continuar no autocarro, em perpétuo movimento. A propósito, a autora chama-se Edle Astrup Hubary Cebrian. O livro, em português, tirado pela Oficina do Livro chama-se «Uma vontade indomável». Há nele aquelas coisas simples e óbvias, mas que nunca se sabem, nesta vida de asneiras.