segunda-feira, 3 de outubro de 2005
Os limites do sentir
Continuo a ler a «Conta Corrente». Há quem não perdoe ao Vergílio Ferreira o tê-la escrito, por isso que nela se patenteiam as suas obsessões nem sempre exaltantes. Há quem não o suporte vê-lo assim, em trajes menores e sem pose, neste diário incerto do homem-escritor. Por causa de a ter escrito, não poucos inimigos arranjou. E, no entanto, por tudo quanto no livro não vale a pena, há momentos de genialidade única, em que numa só frase se resume mais do que um compêndio de filosofia, todo um modo de pensar a vida, sentindo-a. Digo-o esta noite, ao ter lido a frase «é-se por dentro, por fora está-se». Após ela, recuso-me a ler mais o quer que seja; não me perdoaria, se o fizesse.