terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

A porta aberta

Anda tudo gazeado no ciber-espaço. Os «blogs» colectivos são como as famílias irritadiças: pegam-se pelo que um diz, e pelo que o outro devia ter dito pegam-se também. Uns batem com a porta da rua e, ainda estão os outros atónitos com o estrondo, re-entram, façanhudos, para num grito final, despejado para os de dentro e, antes de zarparem de vez, se sairem com um: «e obrigadinho pelo que fizeram, ouviram?» O seu drama é o ridículo de saberem que normalmente ninguém ouviu e a vida sem eles seguir como dantes. Há só uma espécie que me faz pena: a dos inteligentes que, num momento de zanga consigo, esgotados de um esforço recente ou furibundos por não se reconhecerem agora naquilo que já foram, implicam por tudo e irritam-se com nada. Quanto a esses o melhor é nem se ligar. Basta deixar a porta aberta. Não é que eles voltem, é só para que não se gabem de terem sido expulsos.