segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O vai-vem

Ir para os lados de Aveiro de manhã e de manhã regressar, ter de trabalhar antes de ir, ainda noite escura, e ter de trabalhar pela noite fora, agora que escureceu, só não me dói porque me dói mais a dor dos outros, com vidas ainda piores e que, com dignidade, silenciam o seu queixume.
A meio da viagem, na Antena 2, ouvi um programa sobre William Faulkner e uma das suas frases inesquecíveis. Perguntando-lhe alguém «mas, senhor Faulkner, que deve fazer quem não entende os seus livros, mesmo depois de os ler três vezes?», respondeu com ironia o laureado Nobel: «lê-los uma quarta vez!».
Ao chegar a Lisboa, a cair de sono e a ter de me acordar, pensei que na quarta vez em que viver, talvez entenda a vida que vivo.