quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sintomático

À procura de uns papéis que não encontrava e que teimava existirem, dei com uns apontamentos manuscritos tirados não sei de que livro do Vergílio Ferreira. Numa qualquer página 45 dizia ele que «o maior sintoma de decadência é vivermos à conta do que já fomos». No caso dele as coisas complicaram-se porque, tirando a «Aparição» que tornando-se livro escolar corre o risco de se tornar para as novas gerações um livro insuportável, a maior parte da sua obra está esgotada e não se reedita.Um destes dias encontrei no lugar inesperado de um tribunal quem tivesse lido a «Conta-Corrente», esse diário em duas séries que ele amaldiçoava escrever e escrevia com amor. Fiquei espantado. Nesse dia senti que a profissão não seca as almas, apenas torna ressequidas as que já chegam a elas empalhadas em vida.