domingo, 18 de outubro de 2009
La Invención de Morel, de Bioy Casares
São livros de formato pequeno, que cabem precisamente num bolso, artigos de uma colecção em cuja selecção se percebe ter havido critério. Edita-os a Alianza Editorial. Publica-se nessa forma todo o Borges e qualquer dia já li assim todo o Borges editado. Agora comecei o Adolfo Bioy Casares que era amigo do Borges e que o Borges prefaciou e que em certas fotografias parece o Borges e que se divertiu com o Borges na sublime arte da risota inteligente. Chama-se La Invención de Morel. O dito Morel só surge na página 49, inesperadamente. Tive de voltar atrás para confirmar se o autor não tinha falado dele anteriormente. Mas não tinha, de facto.
No prefácio que referi o Jorge Luís Borges fala do que chama com notável capacidade de sugerir «a novela de peripécias». A maior parte das narrativas são assim baseadas no suceder de coisas que sucedem. Nesta são ocorrências. Surgem exteriores ao narrador, o leitor ganha a ilusão que têm a ver com ele e, por via disso, que têm a ver consigo.Surge assim «a casa infestada de ecos», as «bibliotecas inesgotáveis e deficientes», e, para animar quem vive «em ruína incómoda» o acicatante «bordel de mulheres cegas». Faz sentido porque o amor é cego, os escritores são loucos e os russos demonstaram que em Literatura já não há impossíveis.