sábado, 16 de janeiro de 2010
A invisibilidade do ser
Está numa página de um Diário contemporâneo de Marcello Duarte Mathias: «Francis Bacon: o ódio à condição humana. E a raiva de lhe pertencer». Uma frase não explica uma vida, mas ajuda a compreender uma obra, a perdoar a quem está a acabar. Li-a este início de tarde para entender também que «a velhice é um muro que sobe lentamente à nossa volta - a princípio, nem se nota - e que nos vai isolando aos poucos até por fim nos tapar a vista por completo. Os outros já não nos vêem e, nós, a eles, também não. Envelhecer é morrer emparedado. No fundo feitas as contas, não há razões para queixas ou queixumes, bate tudo certo: chega-se ao fim com vontade de lá chegar!»