segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
O Intérprete Grego, de Arthur Conan Doyle
O Intérprete Grego não é um grande conto de Arthur Conan Doyle nem nele Sherlock Holmes tem uma grande intervenção.
Há, porém, uma surpresa. O lendário detective tem um irmão. Mycroft Holmes. «Era muito mais alto e corpulento do que Sherlock. O seu corpo era realmente volumoso, mas o rosto, embora maciço, mantinha qualquer coisa da agudeza de expressão que tornava tão notável o de seu irmão. Os olhos, de um cinzento agudo, particularmente leve, pareciam conservar sempre aquela aparência longínqua e introspectiva que eu observava em Sherlock quando exercia os seus plenos poderes».
Bom, deixemos a diferença fisionómica e de corpulência. Consegui encontrar uma imagem sua, tal como fantasiado por Sidney Paget. Quem quiser saber mais pode ir aqui ou mais resumidamente aqui.
Há só uma coisa que me fez confusão e vim aqui escrever. É a frase «esperava ver-te a semana passada para me falares sobre aquele caso de Manor House», diz Mycroft a Sherlock quando se encontram.
É que se o médico Watson era o companheiro íntimo da sua misógena e celibatária pessoa, partilhando a mesma casa alugada e sendo confidente de todos os pequenos mistérios e todos os momentos do quotidiano, como é que nunca se teria apercebido das visitas de Sherlock ao Clube Diógenes, abrigo de Mycroft, lugar ambíguo de concentração dos acanhados e dos misantropos, «que abriga os homens mais insociáveis e menos gregários da cidade», sítio «onde são proibidas as conversas, seja em que caso for, salvo na Sala dos Estranhos» e onde, claro, não há perfume de mulher.