quarta-feira, 24 de março de 2010

Abastardamento e canja de galinha

Somem-se os defeitos, multipliquem-se pelas críticas, leve-se em conta a arrogância. Agustina Bessa-Luís é um génio. Primeiro, pela inteligência, enfim pela inteligência. Há na sua escrita um estilo, mas há quem o considere denso e rebuscado. Há trama, mas há os que pensam que ela se enrola em detalhes e contradições e o leitor perde-se. Mas há, isso sim, em cada página e tantas vezes muitas vezes em cada página observações e modos de dizer que são eles próprios um tratado sobre a questão. «A nobreza portuguesa abastardara-se pela pequeno virtude, e melancolia dos vícios de família e neflibatice de sala de jantar». E como se não bastasse para ter demonstrado o seu ponto acrescenta: «os Braganças gostavam de canja que é uma dieta sem imaginação».
Onde vem isto? Na biografia de Floberla Espanca. São os a-despropósitos o que marca a diferença. Não visam
reforçar um discurso, surgem assim, desagregadores, geniais.