terça-feira, 9 de março de 2010

O leitor cego

Encarquilham, engelham, ressecam. Entortados, retorcidos, anquilosados, mirram. Pulverizam-se, enfim. Enquanto resistem, vai-se-lhes partindo a lombada, cai aos pedaços a encadernação. Às tantas são tantos que já poucos os distinguem. Quando já não se consegue ler o título tornam-se anónimos, primeiro, invisíveis depois. São como um leitor cego os livros sem nome que se veja. Amarfanhados porque, todos lhe passam adiante, eles ansiosos que alguém pare, por um instante que seja, e lhes pergunte «como te chamas meu amor?».