sábado, 20 de março de 2010
O Plutocrata
1910, 1926, 1974. Revoluções. E no entanto, no rescaldo de todas elas «as mesmas hierarquias, as mesmas posições nas hierarquias, os mesmos nomes, as mesmas famílias, a mesma gente nessas posições dessas mesmas hierarquias». Feitas em nome do «povo» o dito povo sai delas apeado.
É ao estudo deste «enigma», que Ernesto Palma dedicou a sua atenção. É uma zoologia do mando, mundo de carnívoros, nos quais a posse do dinheiro conta ou ao menos a sua disponibilidade. A figura capital, o plutocrata. A obra, intitulada O Plutocrata é uma recente edição da Serra d'Ossa. Fruto de tertúlia, essa forma conversante de aprender, é um livro indispensável. Cada uma das suas setenta e três páginas contém uma ideia, uma sugestão, um apelo. No final sai-se bravo, iniciado para uma nova forma de ver.
Sei que é assim. No nosso Alentejo a Reforma Agrária fez-se por causa dos ganhões proletários contra os latifundiários «fascistas». Hoje, ei-los quase todos regressados, mais os pequeno-burgueses, enteados da Revolução e os por ela adoptados, em montes de fim-de-semana, sempre, sempre ao lado do povo. Este um pouco mais abaixo. É a lei da continuidade bastante e da distância conveniente.