quinta-feira, 5 de junho de 2014

José da Cruz Santos, de facto "um inventor de livros"


Visitei-o ontem, agora que está no Porto, no seu pequeno espaço na Praça Guilherme Gomes Fernandes, ali junto ao meu sucinto recolhimento, a livraria onde acumula preciosidades.
Lembrámos, após os segundos de hesitação quanto a sermos afinal nós, o nosso encontro em 1999 em torno de uma aventura que daria uma narrativa fantástica de ousadia burlesca de que fomos vítimas. Agora com riso porque o tempo apaga as dores da alma.
Perguntei-lhe por um livro do Giovanni Papini, "Un Uomo Finito", pelo qual ando obcecado. Sabia, como amante de livros que é e seu leitor, que havia tradução portuguesa e qual o título. E ficou de mo encontrar, depois de empoleirado num curto escadote, baixar do alto, todos os Papini's imagináveis. Não lhe disse que vou tentar lê-lo em italiano, porque quero os dois, insaciável nas paixões.
De súbito dei comigo naquele oásis da vida que é conversar. Sem tempo. No espaço da intimidade.
Trouxe comigo em livro um feroz diatribe do Professor Ricardo Jorge contra Teófilo Braga, aqueles rancores que nem a filosofia aplaca e um outro Papini, o do "Juízo Universal"; e, enfim, um onírico Fidelino Figueiredo, de quem estou a reunir, eu tal como ele, um coleccionador de angústias, a obra integral.
Caramba e senti que a vida tinha tido um momento de respiração no sufoco dos deveres.
Bem haja o que me permitiu ir ao seu encontro, António Cruz Santos, de facto um inventor de livros, como se lê aqui.
Com ele volto a esta página que andava ao abandono.

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Fonte da imagem: aqui