segunda-feira, 5 de setembro de 2005

O livro das horas

Com a passagem das horas e o sumir-se do sol, a estante primeiro, logo a réstea de parede, enfim o umbral da janela vão perdendo progressivamente a luminosidade que lhes dá a aparência de vida, o encanto da cor. Uma penumbra acastanhada que o anoitecer degrada em cinzento assenhoreia-se de tudo. Mal consigo divisar dos livros as lombadas, não consigo nelas perceber do que tratam. Na rua os poucos passeantes parecem vultos. E no entanto, em alguns desses livros estão viagens minhas pelo imaginário da surpresa, muitas dessas silhuetas proporcionar-me-iam o encanto da descoberta. Falta-me luz. Talvez a ideia do amanhã me reconforte. Para onde não chegar esta esperança, resta-me a luz eléctrica.