segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Scheiße!

Haja um momento de alegria nestes dias insípidos, depressivos, irritantes, carregados de notícias funestas e de motivos de consternação.
Vem isto a propósito de há uns anos - tenho de fazer contas para reconstituir há quantos - eu ter estado no austero Max Planck Institut für ausländlisches und internationales Strafrecht em Freiburg, na Alemanha, ou seja concretamente aqui, na minha ânsia de estudar Direito Criminal Comparado, o que tomava então conta do meu inquieto ser.
Foram dias belíssimos, entre a biblioteca e um albergue numa mansarda de uma casa particular em que o meu quartinho era tão pequeno que, ao levantar-me, a cabeça batia na trave do telhado. Comi bolo de amoras e bebi schnaps.
O lugar tem toda a quietude da Floresta Negra a marcar-lhe a densidade, mais séculos de sobriedade científica alemã. No que falta para o rigor universitário o velho espírito teutónico povoa-lhe as ruas. Excepção só mesmo a colónia estudantil, cosmopolita e irrequieta na justa medida. É a respeitabilidade feita local.
Ora não é que hoje, com a tarde a findar, eu vejo esta notícia magnífica, a de que desejosos de ornarem a capa da sua revista com algo de simultaneamente belo e simbólico, os editores do Max Planck Forschung, a revista oficial do Instituto, optaram por caracteres chineses que, de facto, com o fundo em vermelho, formam um conjunto sóbrio e apelativo, como se pode ver tendo a maçada de clicar aqui.
Só que - azar dos Távoras! - quis o cruel destino rir-se de tanta circunspecção e de tanto recato e ... os caracteres chineses são, afinal, o anúncio de um bordel em Macau! Segundo os que sabem ler tão esquisitos hieróglifos dizem «Donas de Casa Quentes» e dão conta do que tais acaloradas senhoras são capazes nas suas perfomances em strip-tease!
Não acreditam? Vem tudo aqui, no jornal The Independent!
Mais! Tentando achar uma explicação para remediar o embaraço, uma fonte do agora gozado organismo científico alemão veio dizer que «a língua chinesa tem vários níveis de profundidade». Pior a asneira que o soneto! É caso para dizer: Scheiße! Quer dizer m...
P. S. Voltei aqui para explicar que sei haver na Alemanha mais do que um Max Planck Institut. Falei do que conheço. Isto é preciso muito cuidado! Há sempre quem, não achando graça à piada, tente desmoralizar os que se julgam engraçados. Apre!