quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Synecdoche, de Charlie Kaufman

É um filme, mas podia ser uma peça de teatro, é uma peça de teatro e simultâneamente um filme mas podia ser um extraordinário livro. As salas de cinema estão ralas de espectadores, porque o título não atrai, porque a narrativa é complexa, os planos temporais cruzando-se, confundem, os sentimentos em volteio constante maltratam, os pontos em que se devia parar para pensar a multiplicarem-se diante dos olhos e o espectador comum hoje quer diversão cómoda.
O filme foi realizado por quem é um escritor, como se vê aqui.
«À medida que conhecemos as pessoas elas desiludem-nos» diz uma das principais personagens; à medida que se vê este filme ele hipnotiza-nos.
A grandeza do cenário lembra O Processo encenado por Orson Welles. «Cada pessoa, dos milhões que povoam o mundo não é um figurante, mas um protagonista da sua própria história». É esta a sinédoque, o falar-se da parte querendo-se referir o todo.
Se não viu o filme, corra para ir vê-lo. Se já o viu volte a vê-lo porque, afinal, não o tinha visto.